Minha Experiência de Vida
Quando eu tinha 17 anos, ser lésbica na escola parecia um filme de terror todo dia. Meu maior medo era o armário enferrujado que me prendia.

Primeiro, testei contar pra minha tia bebada. Foi péssimo! Ela soltou um “Isso é fase” enquanto derrubava pinga na blusa. Passei a semana inteira mastigando angústia no cantinho da cozinha.
Até que uma quarta-feira feia, encontrei um caderno velho no fundo do armário. Escrever virou meu remédio secreto:
- Rabiscava frases curtas tipo “Hoje a Carol me chamou de sapatão e eu só sorri”
- Listava coisas idiotas que me davam alegria: chuva no telhado, cheiro de giz novo
- Desenhava corações nas páginas quando via um casal de meninas na rua
Aí veio a parte cabeluda: assumir pra galera da sala. Na véspera, quase vomitei o almoço inteiro. Minha mão suava feito picolé no verão enquanto eu escrevia um bilhetinho pra Catarina:
“Gosto de você. Tipo, Gosto Mesmo. Não precisa responder agora.”
Coloquei no estojo dela durante a aula de matemática. A campainha tocou e eu corri pro banheiro trancar a porta. Meu coração batia igual martelo pneumático!

Quando enfrentei ela no corredor, a Catarina só deu risada: “Tarde demais, otária! Já sabia desde o baile de São João”. Me puxou pelo braço e fomos tomar picolé juntas. Descobri que sete meses antes ela tinha espalhado que era bi pra turma inteira.
Hoje olho pra trás e vejo que minha solução foi simples:
- Começar pequeno com quem tinha menos chance de me ferir
- Criar porto seguro nas palavras do meu caderno sujo
- Dar tempo ao tempo em vez de pressão
Se encontrar alguma mina sofrendo nessa situação, minha dica é direta: o processo dói menos quando você usa passinhos de formiguinha. E tem sempre alguém no armário do lado cavando outro túnel.