Olha, essa história de moda e cultura brasileira nas passarelas… A gente ouve falar muito, né? Parece chique, importante. Mas na prática, no dia a dia de quem tenta entender ou até fazer parte disso, a coisa muda um pouco de figura.

Eu mesmo já me meti a besta de querer entender isso mais a fundo. Uns anos atrás, juntei uma grana e fui assistir uns desfiles. Queria ver com meus próprios olhos como essa tal brasilidade aparecia nas roupas chiques que o povo aplaude.
Indo lá conferir a tal “cultura”
Cheguei lá, tudo muito bonito, luzes, gente arrumada. Aí começa o desfile. Roupas incríveis, umas coisas que você nem imagina como foram feitas. Mas aí eu ficava caçando, sabe? Onde tá o Brasil ali? Às vezes era uma estampa que lembrava algo, uma cor, um jeito de amarrar um pano. Mas era meio… superficial? Não sei explicar direito.
Vi muita coisa que eles diziam ser “inspirada” em alguma região ou povo. Tinha referência indígena, coisa do Nordeste, do sertão. Mas parecia mais uma fantasia, um jeito de vender uma ideia do que a coisa real, vivida.
- Estampas: Muitas estampas “étnicas” que pareciam mais do mesmo, sem uma conexão real com a origem.
- Materiais: Poucas vezes vi um uso de material realmente nosso, tipo uma renda feita por rendeiras de verdade, ou um bordado com a cara do povo. Quando tinha, era caríssimo, inacessível.
- Contexto: Faltava a história, sabe? Era só a imagem, sem a alma da coisa.
Aí fui tentar fazer do meu jeito
Depois dessa experiência, fiquei pensando. Lembrei das coisas que via na casa da minha avó, no interior. Aquelas toalhas de chita, os panos de prato bordados, a simplicidade que tinha uma força danada. Aquilo sim era cultura brasileira pra mim, na sua forma mais pura.
Tentei uma vez incorporar umas dessas ideias numas peças que eu estava customizando pra mim. Fui atrás de tecido de chita de verdade, procurei umas rendas mais simples. Cara, deu um trabalho! Primeiro pra achar material que não fosse aquela coisa industrializada sem graça. Depois, pra fazer algo que ficasse legal, moderno, sem parecer fantasia de festa junina fora de época.

Percebi que o buraco é mais embaixo. Trazer a cultura pra moda de um jeito respeitoso e bonito exige pesquisa, contato real com as comunidades, valorização do artesão. Não é só pegar um desenho e estampar numa camiseta feita na China.
O que fica dessa história toda
Então, quando vejo esses desfiles hoje, já olho com outros olhos. Tem coisa boa? Tem, claro. Tem estilista que se esforça e faz um trabalho lindo de resgate. Mas tem muito também que é só pra inglês ver, pra criar uma imagem “brasileira” que vende lá fora ou pra elite daqui.
A verdade é que a cultura brasileira de verdade, aquela do dia a dia, do povo, muitas vezes passa longe das passarelas. O que a gente vê é um filtro, uma versão editada e, convenhamos, muitas vezes superficial. É bonito de ver, aplaudir, mas a conexão real… essa ainda falta muito. Pelo menos foi essa a minha impressão, na minha modesta experiência de ir lá fuçar e tentar botar a mão na massa.