Tava na semana passada aqui no meu ateliê, tentando pintar um céu pra um quadro novo, e nossa senhora! O azul simplesmente não saía do jeito que eu queria. Ou ficava claro demais, parecendo lavado, ou escuro demais, quase preto. Fiquei irritado, sabe? Até que resolvi meter a mão na massa e descobrir de uma vez como chegar naquele azul perfeito, aquele que faz os olhos brilharem.

Como obter a cor azul perfeita - truques simples que todo artista precisa!

Primeiro, fui catar tudo quanto é azul que tinha.

Limpei a paleta velha, peguei os tubos de tinta acrílica – azul cobalto, azul ultramarino, azul cerúleo até aquele azul phtalo que é forte pra caceta. Espremei um pouquinho de cada um na paleta, só pra ver as diferenças com meus próprios olhos. A verdade é que até então, eu nem prestava muita atenção nisso, só pegava o primeiro azul que via.

Ai comecei a misturar feito louco.

Peguei o pincel, molhei na água e fui testando:

  • Juntei um tiquinho de branco no azul ultramarino: Melhorou, claro, mas aí ficou muito “bebê”, aquele azul de roupa de neném. Não era o que procurava.
  • Tentei o azul cerúleo com um pouquinho de verde: Eita! Virou um azul mais turquesa, bonito pra um mar tropical, mas não pra um céu profundo.
  • Misturei azul cobalto com uma gotinha minúscula de vermelho carmesim: Meu Deus! Que diferença! O azul ficou mais rico, mais intenso, sem ficar roxo. Foi quase um estalo na cabeça.

Fiquei ali uma hora só nisso, testando gotinha por gotinha de outras cores nos azuis básicos. Anotei tudo num bloquinho velho que tinha aqui, pra não esquecer.

Aí veio a grande sacada do dia: não é só um azul!

Percebi que, dependendo do lugar do quadro, o azul que eu precisava era diferente. Pro céu lá no alto, perto do sol, um azul mais claro e quente (misturinha de cerúleo com um amarelo claro nanico) ficou melhor. Já lá embaixo, perto das montanhas, aquele azul cobalto com a gotinha de vermelho deu o tom mais escuro e sério que precisava.

Outra parada importante: a luz do ambiente. Quando levei a tela pra perto da janela, no sol da tarde, os azuis pareciam completamente diferentes do que pareciam embaixo da minha luz branca de trabalho. Fiquei bolado! Agora sempre testo as cores onde a tela vai ficar exposta.

Como obter a cor azul perfeita - truques simples que todo artista precisa!

E o truque MESTRE veio sem querer.

Tava cansado já, quase desistindo, e resolvi dar um respingo de preto (muito pouco, hein!) no meu azul ultramarino. Pensei que ia estragar tudo. Mas não! Ele não escureceu demais, ficou mais sólido, mais real, aquele azul que você olha e acha que dá pra tocar. Não é mais fraco, nem mais claro, é só… mais azul! Sério, foi mágica. Mas tem que ser corajoso e botar muito pouco preto, senão vira noite.

No fim, o que aprendi e quero gritar pra todo artista:

  • Teu azul base importa MUITO. Conhece os teus tubos!
  • Misturas pequenas fazem milagres. Um toque de vermelho ou preto pode ser a chave.
  • Não existe UM azul perfeito. Cada pedaço da tua arte pede um azul diferente.
  • Testa onde a obra vai ficar! A luz muda TUDO.
  • Anota o que der certo! Se não, tu esquece. Confia.

Agora, quando vou misturar azul, não é mais no chute. É com a certeza de que vou acertar. A paleta virou minha melhor amiga. E aquele quadro do céu? Ficou tão bom que até dei de presente pra minha mãe. Ela adorou o “azul do céu do seu filho artista”. Melhor recompensa não existe!

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