Bom, deixa eu contar pra vocês uma coisa que andei fazendo esses dias. Tava fuçando numa caixa antiga aqui em casa, daquelas que a gente joga tudo dentro e esquece. No meio da poeira e de umas fotos velhas, achei um caderninho de capa gasta, com umas anotações do meu avô, eu acho. E lá no meio, tinha uma página marcada com o título “Cypriano”.
Não era bem uma receita, nem uma história. Parecia mais um… método? Uma prática? Sei lá. A letra era difícil de ler, meio garranchada, mas falava sobre observar as coisas miúdas, prestar atenção nos detalhes do dia a dia de um jeito diferente. Fiquei com aquilo na cabeça, sabe? Pensei: “Ah, por que não tentar?”. Não custava nada.
Primeiros Passos
A primeira coisa que fiz foi tentar decifrar direito o que o velho queria dizer. Passei um bom tempo lendo e relendo aquelas linhas. Não tinha instrução clara, tipo “passo 1, passo 2”. Era mais uma sugestão, uma ideia. Falava sobre escolher uma coisa pequena, qualquer coisa, e dedicar um tempo só pra ela.
Então, escolhi uma folhinha seca que achei na varanda. Bem simples. Peguei a folha e sentei num canto sossegado. A ideia, pelo que entendi do caderno, era só… olhar. Observar sem pressa.
A Prática em Si
No começo foi difícil pra caramba. Minha cabeça não parava quieta. Pensava nas contas pra pagar, no que tinha que fazer depois, no barulho da rua. A folhinha ali, parada, e minha mente a milhão. Quase desisti, achei que era uma bobagem sem tamanho.
Mas aí lembrei do jeito que meu avô era, paciente com as coisinhas dele. Respirei fundo e tentei de novo. Forcei meu olhar a ficar na folha. Comecei a notar os detalhes:

- As nervuras minúsculas, parecendo um mapa.
- A textura dela, meio quebradiça.
- As cores diferentes, um marrom aqui, um amarelo ali.
- Até um buraquinho minúsculo, talvez feito por um bicho.
Fiquei ali um tempo, nem sei quanto. Acho que uns quinze minutos, talvez mais. O tempo meio que sumiu. Quando dei por mim, tava mais calmo. Aquela agitação da mente tinha diminuído bastante.
O Que Aconteceu Depois
Levantei e guardei a folhinha no caderno antigo, junto com a anotação do “Cypriano”. Não aconteceu nada de mágico, não tive nenhuma revelação bombástica. Mas, senti uma tranquilidade que não sentia há tempos. Uma coisa simples, sabe? Como se tivesse limpado um pouco a poeira de dentro da cabeça também.
Nos dias seguintes, repeti a dose. Um dia observei uma pedra pequena, no outro, a textura da madeira da mesa. Coisas bestas, mas o efeito foi parecido. Uma pausa na correria, um jeito de ancorar a mente no presente.
Conclusão Dessa Experiência
Olha, não sei se era bem isso que o tal “Cypriano” do caderno significava. Talvez fosse outra coisa completamente diferente. Mas pra mim, funcionou desse jeito. Foi uma prática simples, meio boba até, mas que me ajudou a desacelerar.
Não virou rotina fixa, confesso. Tem dias que a correria engole tudo. Mas de vez em quando, quando sinto a cabeça cheia demais, eu lembro do caderninho e da folha seca. Paro um instante e só… observo alguma coisinha. É isso. Uma pequena prática que tirei da poeira e que, de um jeito simples, me fez bem.