Olha, essa história de “desfile de moda para fashionistas”, vou te contar, viu? Deu um trabalho que só vendo.
Tudo começou quando eu cismei que queria mostrar umas ideias “diferentonas” que eu tinha. Sabe como é, a gente vê aquelas paradas na internet, pensa “ah, eu faria melhor”, ou pelo menos “mais a minha cara”. Era pra ser um negócio assim, bem autêntico, sabe?
Então, primeiro passo: achar um lugar. Meu Deus do céu! Ou era um buraco caindo aos pedaços, ou cobravam o olho da cara. Fiquei semanas nessa labuta. No fim, consegui um salãozinho de festas de bairro, aquele que tem cheiro de coxinha e guaraná, sabe? Pensei: “rústico-chique”, vai que cola. Eu tava tentando ser otimista, né?
A saga das modelos e das roupas
Aí veio a parte das modelos. Chamei umas amigas, né? Lógico. Uma disse que tinha unha encravada, outra que o gato comeu o convite, sei lá que desculpa esfarrapada. No fim, convenci meu primo e a vizinha da frente, que são gente boa mas nunca tinham desfilado nem pra atravessar a rua. Prometi um lanche caprichado depois, e isso geralmente funciona.
E as roupas? Ah, as roupas! Eu queria algo “conceitual”, aquela coisa que ninguém entende direito mas acha chique. Peguei umas peças minhas, customizei outras que achei num brechó que só tinha tralha, mas tralha com potencial, na minha cabeça. Sabe aquela blusa velha da sua avó? Pois é, virou “peça-chave”. Costurei uns negócios, colei outros com cola quente mesmo. Minha sala parecia um campo de batalha têxtil, fio pra todo lado, retalho no chão. O resultado ficou, digamos, bem original. Pelo menos ninguém podia dizer que já tinha visto igual em loja de departamento.
O grande dia e os “fashionistas”
Chegou o dia do tal desfile. Botei a mão na massa pra arrumar tudo. Montei uma passarela improvisada com uns tapetes velhos que catei na casa da minha tia. A trilha sonora era uma playlist que eu fiz no celular, cheia de música alternativa que ninguém conhecia, pra dar um ar “cult”. E os “fashionistas”? Bom, vieram uns conhecidos que se acham entendidos, sabe? Aquela galera que usa óculos esquisito sem grau e fala difícil pra parecer inteligente.
Eles chegaram, olharam tudo com uma cara de paisagem… uns cochichavam entre si, outros tiravam fotos, acho que mais pra zoar depois nos grupos de zap. Quando meu primo entrou com uma calça minha que eu tinha pintado com spray dourado e uma camisa amarrada na cabeça como se fosse um turbante exótico, vi uns segurando o riso. Eu ali, toda orgulhosa da minha “visão artística”, e o povo me olhando como se eu fosse de outro planeta.
- Um deles até perguntou, com ar de intelectual, se a “proposta era uma crítica ao consumismo excessivo e à efemeridade da moda contemporânea”.
- Eu só sorri amarelo e disse “exato!”, mas na verdade eu só não tinha grana pra tecido novo e usei o que tinha.
Sabe, no final das contas, acho que essa coisa de “fashionista” é meio furada. Quem define o que é moda, afinal? Pra mim, moda é se sentir bem, usar o que te faz feliz, mesmo que seja uma calça pintada com spray duvidoso e uma camisa na cabeça. Se você gostou, se você se sentiu o máximo, é o que importa.
Depois dessa experiência toda, sabe o que eu fiz? Desisti de tentar agradar “fashionista” ou seguir tendência que não faz sentido pra mim. Fui inventar de fazer uns brigadeiros gourmet pra vender na feirinha do bairro. Pelo menos todo mundo gosta de brigadeiro, né? E ninguém fica analisando a “proposta conceitual” do granulado ou a “paleta de cores” do chocolate. É mais simples, mais gostoso e o retorno é mais certo, tanto de grana quanto de sorriso na cara do povo.
Às vezes, a gente se mete nuns projetos complicados pra impressionar os outros, pra parecer “descolado”, quando o legal mesmo é fazer o que a gente curte de verdade, sem tanta afetação. Então, se me perguntarem sobre “desfile para fashionistas” de novo, vou mandar procurar no dicionário o significado de paciência, porque na prática, a coisa é bem diferente do glamour que pintam nas revistas.
E quer saber? Meu primo e a vizinha se divertiram horrores no “desfile”. E o lanche caprichado no final, com direito a muito refri e salgadinho, valeu mais que qualquer crítica “especializada” ou olhar de soslaio. Às vezes, as coisas mais simples e as risadas compartilhadas são as que realmente ficam na memória e fazem a gente ver que nem tudo precisa ser tão complicado.
