Olha, vou te contar uma coisa sobre esse tal de relógio Zenith. Não é que eu seja um especialista, longe disso, mas tive uma experiência, digamos, marcante com um desses na minha vida.

Tudo começou há uns bons anos. Eu tava numa fase de muito trabalho, sabe? Aquela correria de empresa grande, meta pra bater, chefe no cangote. Era puxado, mas a grana até que entrava legal. E aí, naquela onda de querer mostrar serviço, ou talvez só pra me dar um agrado mesmo depois de tanto suor, resolvi que precisava de um relógio “de respeito”.
Passei meses pesquisando, olhando vitrine, lendo sobre maquinário – coisa que eu nem entendia direito, pra ser sincero. Mas a marca Zenith ficou na minha cabeça. Tinha um ar de coisa séria, antiga, bem feita. Juntei uma grana, parcelei o resto, e lá fui eu buscar o bendito.
A compra e a sensação
Lembro direitinho do dia. A caixa pesada, o cheiro de couro da pulseira, o brilho do metal. Coloquei no pulso e, nossa, me senti o próprio James Bond. Era um modelo mais clássico, nada muito espalhafatoso, mas você sentia que era algo diferente.
No começo, era só alegria. Usava pra ir trabalhar, em reunião importante, até pra ir na padaria no domingo de manhã eu colocava o Zenith. Virou meio que um símbolo daquela fase de “venci na vida”, mesmo que a vida fosse basicamente trabalhar sem parar.
- Era pesado no pulso, dava uma sensação de robustez.
- O movimento dos ponteiros era suave, hipnotizante.
- Confesso que dava uma olhada discreta pra ver se alguém reparava.
A virada e a despedida
Mas aí a vida deu uma daquelas reviravoltas. A empresa passou por uma reestruturação gigante, meu setor rodou quase inteiro. Fui pego de surpresa. Do dia pra noite, o “sucesso” virou preocupação. Cadê emprego? Como pagar as contas? Aquele símbolo no meu pulso começou a pesar de outro jeito.

A grana foi ficando curta, as economias indo embora. Tive que tomar umas decisões difíceis. Vendi o carro, mudei pra um lugar menor e, com o coração apertado, decidi vender o Zenith. Anunciei na internet, com dor no coração. Apareceu um comprador, negociamos e lá se foi meu relógio “de respeito”.
Na hora, foi um alívio misturado com tristeza. Era dinheiro pra segurar as pontas por mais um tempo. Mas também era abrir mão de algo que representava muito pra mim naquela época.
Hoje em dia
Hoje, anos depois, a vida tá mais estabilizada, mas de um jeito diferente. Trabalho com algo que gosto mais, ganho menos do que naquela época, mas tenho mais paz, mais tempo pra mim. Outro dia, passeando no shopping, vi um Zenith na vitrine. Parei, olhei.
É um relógio bonito pra caramba, não dá pra negar. A engenharia por trás deve ser fantástica. Mas, sabe, não senti mais aquela vontade louca de ter um. Olhei pro meu pulso, onde hoje tem um relógio simples, digital, que só marca a hora e o dia. E tá tudo bem.
Aquela fase passou. O Zenith foi um companheiro daquele tempo, representou algo importante ali. Mas hoje, a minha medida de “sucesso” é outra. E, sinceramente? Prefiro a tranquilidade de agora do que o brilho daquele relógio naquela época corrida. Foi uma experiência, um aprendizado. E a história ficou.
