Então, essa ideia do desfile com pegada streetwear surgiu meio do nada, sabe? Eu tava vendo umas fotos, uns vídeos de rolês por aí, e pensei: “Cara, a gente precisa mostrar essa vibe aqui na nossa área”. Não era pra ser nada chique, nada daquelas paradas de passarela que ninguém usa na rua. A ideia era ser real.
Primeiro passo foi juntar uma galera. Chamei uns amigos que curtem moda, outros que manjam de organização, sabe como é. Tinha o Zé que é bom de foto, a Bia que faz uns grafites maneiros e o Léo que entende de som. Foi tudo na base da camaradagem, ninguém ali tinha grana sobrando.
Mão na Massa: A Preparação
Achar o lugar foi um rolê à parte. Queríamos algo meio largado, com cara de galpão antigo ou pista de skate. Visitamos uns três lugares, cada um pior que o outro em termos de estrutura, mas um deles tinha uma parede grafitada incrível. Fechamos ali mesmo, no improviso.
Depois veio a correria das roupas. Nada de marca cara, esquece. A gente garimpou muito em brechó, sério. Fucei em cada canto, achei umas jaquetas bomber velhas, calças cargo, um monte de coisa. Dei uma customizada em algumas peças, a Bia meteu uns desenhos em outras. A ideia era misturar tudo, criar uns looks que tivessem atitude, que a galera olhasse e pensasse “eu usaria isso”.
- Garimpar peças em brechós
- Customizar roupas velhas
- Misturar estilos sem medo
- Pedir emprestado pra amigos também valeu
Pra desfilar, nem pensamos em modelo profissional. Chamamos a galera do bairro mesmo, gente com estilo próprio, com marra, sabe? Pessoal do skate, do hip hop, gente que já vive essa cultura streetwear no dia a dia. Foi engraçado fazer os “fittings”, experimentar as roupas na galera. Tinha peça que não servia, outra que rasgava na hora. Caos total, mas divertido.
O Dia D: Luz, Som e Atitude
Chegou o dia. A montagem foi na raça. Umas luzes coloridas que pegamos emprestado, umas caixas de som que o Léo trouxe. A playlist era puro rap e trap nacional, pra dar o clima certo. Sem passarela chique, o pessoal ia andar pelo meio do galpão mesmo, interagindo com a galera.
Nos bastidores, era uma zona. Gente se trocando, eu tentando arrumar uma gola torta de última hora, a Bia dando um retoque na maquiagem de alguém. A tensão tava alta, mas era uma energia boa, de fazer acontecer.
Quando a primeira pessoa entrou com a música alta, nossa… foi demais. Ver as roupas que a gente batalhou tanto pra juntar ganhando vida ali, na atitude da galera que tava desfilando. Não era perfeito, teve gente que tropeçou, teve roupa que ficou meio esquisita, mas era autêntico. Isso que importava.
O pessoal que foi assistir curtiu muito. Gritaram, aplaudiram, tiraram foto. Era como se fosse uma festa, uma celebração da nossa cultura de rua mesmo. No final, todo mundo se abraçando, suado, cansado, mas feliz pra caramba.
Deu um trabalho desgraçado? Com certeza. Gastamos o que não tínhamos? Sim. Mas faria tudo de novo. Ver a nossa visão ali, real, acontecendo na frente de todo mundo, não tem preço. Foi correria, foi improviso, mas foi nosso.