Sabe quando a gente começa um negócio novo, ou entra numa fase da vida, e parece que tudo é perfeito? Pois é, passei por uma fase assim um tempo atrás. Eu estava tão empolgado com uma ideia, um projeto pessoal que comecei, que só conseguia ver o lado bom. Ignorei um monte de sinal vermelho piscando na minha cara.

Eu investi tempo, um dinheirinho que tinha guardado, e muita energia. Lembro de passar noites em claro, pensando em como tudo seria incrível. Quando algum amigo vinha com um “mas e se…”, eu logo cortava, achava que era pessimismo, sabe? Pura negatividade! Eu estava convencido que era A GRANDE CHANCE. Na minha cabeça, era como se eu tivesse encontrado um mapa do tesouro.
As coisas que eu via (ou queria ver) eram tipo assim:
- Todo mundo ia adorar a ideia de primeira.
- O retorno financeiro viria rápido, fácil.
- Não ia ter quase nenhum problema no caminho.
- As dificuldades? Ah, essas eram só “detalhes” que eu resolveria num piscar de olhos.
Nossa, que ingenuidade a minha, olhando pra trás agora. Eu estava totalmente focado no resultado final que imaginei, naquele cenário cor-de-rosa, e esqueci de olhar pro chão que eu estava pisando.
A Realidade Bateu na Porta
Aí, como era de se esperar, a realidade começou a aparecer. Primeiro foi um fornecedor que deu pra trás. Depois, um feedback bem duro de alguém que entendia do assunto e que eu, na minha euforia, tinha ignorado os conselhos. O dinheiro começou a apertar, os “detalhes” viraram problemões gigantescos. Foi como levar um balde de água fria, sabe?
Doeu bastante admitir que eu estava errado, que minha visão estava completamente distorcida. Tive que parar, respirar fundo e encarar os fatos. O projeto não era inviável, mas estava longe de ser aquele mar de rosas que eu pintei na minha mente. Precisei recalcular a rota toda, cortar gastos, pedir ajuda e, principalmente, ouvir mais as pessoas com os pés no chão.

Foi um processo chato, confesso. Desmontar aquele castelo de cartas perfeito que eu tinha construído na cabeça não foi fácil. Mas foi necessário. Aprendi na marra que entusiasmo é bom, é motor pra gente começar as coisas, mas não pode cegar a gente pro mundo real.
Hoje em dia, eu continuo otimista, acho importante ter essa energia boa. Mas aprendi a equilibrar. Antes de mergulhar de cabeça, eu paro, analiso, ouço opiniões diferentes, tento ver os possíveis problemas. É menos emocionante no começo, talvez? Sim. Mas com certeza é mais seguro e evita muita dor de cabeça lá na frente. Aquela fase dos “óculos cor-de-rosa” me ensinou muito, apesar do tombo.