Reflexões sobre essa jornada da “primeira vez”
Olha, essa conversa sobre “sexo para virgem”, né? Caramba, que peso que colocam nisso. Parece até que é o evento do milênio na vida da gente. Eu me lembro bem da minha época, cada absurdo que a gente escutava, cada dica que mais atrapalhava do que ajudava. Virava um monstro de sete cabeças, sério mesmo.

Sabe uma coisa que isso me faz lembrar? Vou te contar uma história que, olha, parece que não tem nada a ver, mas se você parar pra pensar um pouquinho, tem tudo. Teve uma época que eu cismei que ia aprender a andar de carrinho de rolimã, já com uns vinte e tantos nas costas. É mole? Eu lá, no meio da molecada que parecia que já tinha nascido em cima daquilo, descendo a rua que era um sabão. Que mico, meus amigos! Cada capote era uma festa pra quem tava olhando. E o pior não era nem cair, era o tanto de gente dando pitaco: “Bota o pé mais pra frente!”, “Não, vira o corpo assim!”, “Com esse carrinho aí você não vai conseguir nunca!”. Era tanta opinião, tanta coisa diferente, que eu me sentia o maior Zé Mané da face da Terra.
Aí um dia, um senhorzinho que sempre ficava na varanda vendo a gente, me chamou. Falou baixo: “Meu filho, para de ouvir essa gente toda. Sente o carrinho, vai no seu tempo. Se cair, levanta. Uma hora você pega o jeito, mas tem que ser o seu jeito.” Aquilo, vindo de quem só observava, me deu um estalo. Eu tava tão bitolado em seguir a “cartilha do rolimã para iniciantes”, que tinha esquecido o básico: que era pra ser divertido, uma descoberta minha.
E aí eu volto pra essa história de “sexo para virgem”. É tanta gente falando, é tanta expectativa que criam na nossa cabeça, que a gente acaba esquecendo que, no final das contas, é uma parada muito íntima, muito de cada um. Não existe um livrinho de regras, não tem um jeito “certo” que serve pra todo mundo. Cada pessoa vai ter a sua experiência, o seu momento, as suas sensações.
- Aquilo que foi incrível pro seu amigo pode não ser pra você.
- O que você vê em filme ou lê por aí? Ih, muita coisa é só pra fazer bonito, não é a vida real.
- E a pressão da galera? Manda passear, de verdade.
O mais crucial mesmo, na minha visão de quem já ralou muito pra aprender as coisas na vida, é você estar se sentindo bem, é ter respeito pela outra pessoa – e por você mesmo, claro –, e é ir sem aquela nóia de “preciso ser perfeito”, “preciso dar um show”. Porque, fala sério, se for pra ser um negócio tenso, cheio de cobrança, igual eu tentando ser o campeão de rolimã na primeira descida, aí não tem graça nenhuma, né?
Então, se alguém me perguntasse hoje “e aí, como é essa parada pra quem é virgem?”, eu diria: calma na alma. Conversa, se abre, se sente à vontade de verdade, e vai no seu próprio passo. Não existe “manual do iniciante” pra isso. A vida não entrega manual pra quase nada, e pra isso aí, menos ainda. E quer saber? Ainda bem! Já pensou que tédio se tudo viesse com instrução?
