Como Tudo Começou
Pessoal, semana passada tava tomando um café na padoca, quando bateu essa ideia do nada: por que não fazer um show de moda baseado só nas cores mais doidas que a gente vê por aqui no Brasil? Tudo colorido, sabe? Pensei nas praias, no carnaval, nas frutas… Aí fiquei pirado nisso.
Peguei meu caderninho velho e comecei a rabiscar tudo que vinha na cabeça. Amarelo forte do sol, verde das matas, azul do mar, aquelas misturas que só nosso país tem. Até a cor da terra batendo no céu no pôr do sol no Nordeste eu quis colocar!
A Bagunça dos Primeiros Passos
Aí chegou a hora da verdade: escolher tecidos. Meu deus do céu, que confusão. Comprei um monte de panos baratos pra teste:
- Um verde-limão que parecia coisa de hospital
- Um vermelho que mais parecia sangue velho
- Um azul que me fez lembrar da água da privada
Tudo errado! Fiquei quase desistindo. Até que minha vizinha dona Marta, uma senhora que vive com as cores, viu a zueira e falou: “Moço, você tá usando cor morta! Aqui a gente usa cor que grita, que chuta!“. Ela tava mais que certa.
O Pulo do Gato com a Cor
Fui na feira atrás de inspiração de verdade. Botei o pé na terra mesmo, vi manga madura, jabuticaba no cesto, folha de bananeira no sol. Pensei: preciso desse brilho! Aí lembrei que minha tia sempre tingia roupa com urucum. Pode isso? Comprei um pacotão:
- Coloquei as roupas brancas de molho
- Deixei uma noite toda
- Resultado: um laranja com sangue de boi, lindo demais!
Fiz teste com açafrão, beterraba… a cozinha virou laboratório de doido, tudo respingado de cor. Minha esposa quase me matou! Mas valeu cada mancha.
Juntando Tudo na Passarela
Daí veio a hora das misturas. Peguei um vestido amarelo-ovo bem forte e juntei com um lenço roxo que ficou uma beleza. Outro modelito: calça verde-esmeralda com top azul-turquesa. Combinação que nenhum francês ousaria! Botar tudo junto num desfile foi igual fazer feijoada – cada coisa no seu tempo.
Os modelos andando com as roupas parecia um bloco de carnaval. Tanto verde, amarelo, azul… até eu fiquei tonto no começo! Mas quando colocaram as músicas brasileiras pra tocar? Ai, gente… o negócio encaixou feito luva. Sensação de ver o Brasil dançando na passarela. Tchubummm!
Depois que a Poeira Baixou
Se tem uma coisa que aprendi? Cor brasileira não se copia em revista chique, se sente no cotidiano. É na feira, no terreiro, no rio barrento, na flor que nasce no concreto. As melhores combinações saíram de acidentes – tipo quando caíram tinta rosa em cima de um tecido laranja e ficou fantástico!
No final, as pessoas vieram falar que parecia uma festa junina. Melhor elogio que poderia ter recebido! Brasil é assim: bagunça organizada, cores que brigam mas no fundo se amam. E me digam uma coisa: onde mais no mundo você veria um look cor de jambo com sapatos verdes limão? Só aqui mesmo!
