Ah, farm harmonia… Deixa eu te contar como essa bagaça toda começou na minha vida, porque não foi assim, um estalo e pronto. Eu tava numa pilha de nervos, saca? Aquela vida de cidade grande, barulho na cabeça o tempo todo, um corre-corre danado que parecia que eu só tava enxugando gelo, sem construir nada que prestasse de verdade pra mim.
Eu chegava em casa e era só tela: celular, televisão, computador. Uma noite, zapeando sem rumo, vi um troço qualquer sobre gente que largava tudo pra viver no mato. Achei uma doideira, claro, quem não acharia? Mas ficou uma pulga atrás da orelha. Não pra largar tudo, mas pra ter um… respiro, entende? Um canto pra chamar de meu, que não fosse só concreto e conta pra pagar.
Botando a Mão na Massa, ou Melhor, na Terra
Aí que a ideia da “farm harmonia” começou a pipocar. No começo, nem nome tinha. Era só uma vontade de ter umas plantinhas, um verde pra descansar a vista. Eu tenho uma varandinha aqui em casa, que na época era mais um depósito de tralha do que qualquer outra coisa. O primeiro passo foi encarar aquela zona. Joguei um monte de coisa fora, limpei, esfreguei. Deu um trabalhão, viu? Só aí já senti um alívio, como se tivesse tirado um peso das costas.
Depois, fui atrás de informação. O que dá pra plantar em vaso? Como é que cuida? Sou um zero à esquerda com planta, ou pelo menos era. Fui pesquisar na internet, vi uns vídeos, conversei com uma tia minha que tem dedo verde. Ela riu da minha cara, mas me deu umas dicas boas. Coisa simples, tipo:
- Começa com planta fácil, teimosa, que aguenta tranco de iniciante.
- Não afoga a bichinha, mas também não deixa morrer de sede.
- Terra boa faz diferença, não adianta pegar qualquer barro.
Fui comprando as coisas aos pouquinhos. Uns vasos, um saco de terra adubada, umas mudinhas de tempero – manjericão, alecrim, cebolinha. Coisa pra usar na cozinha mesmo. Lembro que no primeiro dia que montei tudo, fiquei mó tempão olhando, besta. Parecia criança com brinquedo novo. E olha que era só uns matinhos ali!
Claro que nem tudo foram flores, literalmente. Muita planta morreu no começo. Ou eu regava demais, ou de menos. Teve uma praga de pulgão que quase me fez desistir. Deu uma trabalheira pra controlar aquilo, tudo na base do produto caseiro, porque não queria usar veneno. Mas cada coisinha que dava certo, cada folhinha nova que brotava, era uma vitória.
Com o tempo, fui pegando o jeito. A varanda foi ganhando cor. Além dos temperos, arrumei umas florezinhas, umas suculentas. Não virou nenhuma floresta amazônica, óbvio. Mas virou o meu canto. O lugar onde eu vou pra desligar a cabeça do resto do mundo. Às vezes, nem faço nada demais, só sento ali, tomo um café, fico olhando as plantas.
E o mais engraçado é que essa tal de “farm harmonia” não ficou só na varanda. Parece que a calma das plantas foi entrando em mim. Aquela agonia de antes, aquela pressa toda, foi diminuindo. Comecei a ter mais paciência, a reparar mais nas pequenas coisas. Até o gosto da comida mudou, usando os temperinhos frescos que eu mesmo plantei.
Hoje, se me perguntam, eu falo: não precisa de muito pra ter um pouco mais de paz. Às vezes, um vasinho de planta na janela já faz um milagre. Essa minha “farm harmonia” particular me ensinou que a gente precisa cultivar essas coisas, sabe? Não só as plantas, mas a calma, a paciência, o cuidado. Dá trabalho, mas o que a gente colhe de volta… ah, isso não tem preço.