E aí, pessoal, tudo na paz? Hoje eu queria bater um papo sobre uma empreitada que me meti esses tempos, um negócio com um tal de omega relogio de bolso. Pois é, quem diria que eu ia acabar me envolvendo com uma parada dessas, né?

Sabe como é, a gente vive a vida da gente, corrida pra lá e pra cá, e de repente cai uma coisa assim no colo. No meu caso, esse relógio apareceu numa daquelas arrumações de coisas antigas da família. Tava lá, esquecido numa gaveta, coberto de poeira. Um Omega, bonitão, todo trabalhado, mas parado. Completamente morto, não dava nem um tique nem um taque.
A primeira coisa que fiz foi pegar o bicho na mão. Pesado, sabe? Dava pra sentir que era um troço de qualidade, mesmo estando véio e sem funcionar. Aí bateu aquela curiosidade: “E agora? O que eu faço com essa relíquia aqui?” Confesso que a primeira ideia que passou pela cabeça foi: “Será que eu mesmo consigo dar um jeito nisso?” Mas aí o juízo bateu mais forte. Eu, com minhas mãos desajeitadas, ia acabar transformando aquela peça histórica num monte de pecinhas soltas que nunca mais iam se encontrar.
Então, decidi que o caminho era procurar um profissional. Mas não um Zé qualquer que troca bateria de relógio de pulso. Tinha que ser alguém que entendesse dessas máquinas do tempo, um relojoeiro de verdade, daqueles que estão sumindo do mapa. E aí começou a minha saga, meus amigos.
Vocês não têm ideia da dificuldade. Parece que hoje em dia o pessoal só quer saber de coisa digital, de smartwatch. Fui em umas joalherias mais arrumadinhas, e os caras olhavam pro relógio com uma cara de “ih, lá vem tranqueira”. Um até me sugeriu que eu usasse como peso de papel! Dá pra acreditar? Outros queriam me cobrar uma fortuna só pra dar uma olhada, antes mesmo de saber se tinha conserto. Bateu um desânimo, confesso. Pensei: “Quer saber? Deixa esse trem quieto lá na gaveta mesmo.”
Mas sabe aquela teimosia boa? Pois é. Continuei procurando, perguntando pra um e pra outro, até que um conhecido me indicou um senhorzinho, numa ruazinha escondida lá no centro. Disseram que o homem era das antigas, um verdadeiro artesão. Lá fui eu, com o Omega debaixo do braço e um pingo de esperança.

A oficina era minúscula, um cubículo cheio de relógios de todos os tipos, ferramentas que eu nunca tinha visto na vida e aquele cheirinho de óleo e metal. O tal senhor, seu Antenor, me atendeu com uma calma que só quem trabalha com paciência tem. Mostrei o relógio pra ele. Ele pegou uma lupazinha, daquelas que encaixam no olho, e começou a examinar o Omega por todos os ângulos. Abriu a tampa traseira com um cuidado que parecia estar desarmando uma bomba.
Depois de uns minutos em silêncio, ele olhou pra mim e soltou: “Olha, meu filho, esse aqui é dos bons. Uma máquina de respeito. Mas tá judiado, precisa de um trato com carinho.” Aquilo me deu um alívio! Pelo menos alguém entendia o valor da peça.
Deixei o relógio com ele, junto com minhas esperanças. Ele me deu um recibinho escrito à mão e pediu algumas semanas. Enquanto isso, pra matar a ansiedade, comecei a pesquisar sobre o modelo do relógio na internet. Descobri umas coisas bem legais sobre a história da Omega, sobre aquele tipo específico de relógio de bolso. Vi que não era só uma peça velha, tinha toda uma história por trás.
As semanas se arrastaram, mas finalmente o dia de buscar o relógio chegou. Quando seu Antenor me entregou o Omega, quase não acreditei. Tava limpo, brilhando, e o melhor de tudo: funcionando! Aquele tic-tac suave era música pros meus ouvidos. Parecia que ele tinha ganhado vida de novo.
Ele me explicou com toda a paciência o que tinha feito: uma limpeza completa, lubrificação, alguns ajustes finos. Fez questão de dizer que não precisou trocar nenhuma peça original importante, o que pra mim foi fundamental. Paguei pelo serviço, que, pra minha surpresa, foi bem mais em conta do que aqueles orçamentos absurdos que tinham me passado antes. Saí de lá flutuando, com meu “novo” velho companheiro no bolso.

Agora, o danado fica aqui na minha escrivaninha, às vezes pego ele só pra ouvir o mecanismo trabalhando. É engraçado como uma coisa dessas, que pra muitos não passaria de um pedaço de metal velho, pode trazer uma satisfação tão grande. Essa “prática” toda com o relógio de bolso me ensinou um bocado sobre paciência, sobre valorizar o trabalho manual e a história que os objetos carregam.
Não virei nenhum especialista em relojoaria, longe disso. Mas essa experiência de resgatar algo do passado, de ver uma máquina complexa e delicada voltar a funcionar por causa do cuidado de alguém, foi muito gratificante. É quase como dar um “oi” pra outra época. E pensar que tudo começou com uma arrumação numa gaveta velha. Às vezes, as melhores aventuras começam assim, do nada, né?